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Novo sensor utiliza calor do corpo humano como fonte de energia

Publicado na Spectrum

Em teoria, os “eletrônicos vestíveis” (os wearables) são incríveis. Na prática eles também são incríveis, mas somente até você ter que carregar a bateria deles. Atualmente estamos esperando ansiosos pela chegada da energia sem fio (que acreditamos, irá servir de base para todos os eletrônicos vestíveis e Internet das Coisas), mas enquanto isso não acontece estão surgindo outros meios criativos de se manter dispositivos ligados sem ter que trocar suas baterias periodicamente.

Na última CES (Consumer Electronics Show), que aconteceu entre os dias 06 e 09 de Janeiro de 2016, um protótipo interessante foi apresentado: um sensor sem fio que mede os níveis de hidratação do indivíduo e manda os dados para o seu celular, de forma que é possível saber quando é conveniente tomar água. A inovação, entretanto, não está em sua aplicação, mas na tecnologia. Enquanto analisa os níveis de hidratação do corpo, esse pequeno sensor (foto) obtém toda a energia que ele precisa através do calor do corpo do indivíduo que está o utilizando.

Potencialmente, qualquer gradiente de energia pode ser utilizado como fonte de energia – e na maioria das vezes o nosso corpo fornece uma excelente alternativa ao ser mais quente do que o ar ambiente. Materiais termoelétricos podem se aproveitar dessa situação transformando a diferença de temperatura em quantidades úteis de eletricidade.

O adesivo, pequeno e flexível, possuí apenas 7 centímetros quadrados e pode produzir entre 40 e 50 microwatts de eletricidade por centímetro quadrado (claro, desde que ele esteja preso na sua pele). A quantidade de energia vem da diferença da temperatura da sua pele para o ar – por exemplo, os 40~50 microwatts por cm² vem da diferença de 3 graus Celsius da pele para o ar. É interessante notar que quando há corrente de ar (quando se está correndo ou caminhando, por exemplo) o gerador se torna muito mais eficiente, pois a diferença de temperatura é muito maior.

Um pequeno dispositivo vestível desses nunca será capaz de produzir energia para ligar um display, um GPS ou qualquer coisa do tipo, mas é completamente capaz de rodar um processador de baixo consumo e sensores como acelerômetros, verificação de temperatura, pressão, etc.

O objetivo desta tecnologia é mostrar que é possível criar pequenos dispositivos vestíveis que sejam auto-suficientes em questões energéticas, o que infelizmente ainda não é uma realidade para tecnologias vestíveis e Internet das Coisas. Em entrevista à IEEE Spectrum, os criadores do dispositivo afirmaram que a ASSIST (centro de pesquisa da Universidade Estadual da Carolina do Norte na qual os pesquisadores trabalham) está chegando no ponto de produzir centenas de sensores e que em breve parceiros industriais serão buscados para licenciar a produção em massa.

Na sua opinião, será essa a melhor alternativa para os eletrônicos vestíveis ou a eletricidade sem fio ainda é muito mais promissora?

Referências:

Fernando Paladini

Fernando Paladini

Estudante de Ciência da Computação na UFSC e entusiasta de ideias disruptivas (Bitcoin e impressoras 3D), além de ser um grande defensor do movimento open-source. Apaixonado por ciência, filosofia e livros. Criador do www.bolsonarocristao.com e destruidor da família tradicional brasileira.