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Um papel dobrado ao meio 107 vezes fica maior do que o Universo

Pode parecer até mentira, mas esse é o poder de uma progressão geométrica. Um grande mito que é facilmente propagado é o de que é impossível dobrar uma folha de papel ao meio mais do que 7 ou 8 vezes. Na verdade, esse mito é algo tão poderoso que existe até um episódio de Mythbusters dedicado somente à ele. No entanto, em 2002, uma mulher chamada Britney Gallivan provou que todos estavam errados ao quebrar, no mesmo dia, quatro recordes: dobrar um papel ao meio 9, 10, 11 e 12 vezes.

É meio óbvio que parece existir um limite prático de número máximo de dobras que você pode fazer em um papel, mas vamos fingir que este não seja o caso.

Uma folha de papel A4 tem, em média, cerca de 0,1 milímetros de espessura. Experimentalmente podemos verificar que após a primeira dobra, ela terá 0,2 milímetros de espessura. Após a segunda dobra, 0,4 milímetros, após a terceira, 0,8 milímetros e assim por diante. Podemos, então, escrever uma fórmula que nos dê a espessura resultante após n dobras:

Espessura após n dobras. O resultado está em milímetros, se você quiser em metros, basta converter 0,1mm para 10^-4 metros.
Espessura após n dobras. O resultado está em milímetros, se você quiser em metros, basta converter 0,1mm para 10^-4 metros.

Agora vem a parte mágica, que é característica das progressões geométricas: a cada dobra na folha, a espessura do papel também dobra. Poético, não? Pois saiba que a poesia mal começou.

  • Com 17 dobras, a espessura do papel ultrapassará 1,8 metros
  • Com 33 dobras, o papel já será maior do que a ilha de Florianópolis
  • Com apenas 36 dobras, a pilha atingirá 400 quilômetros de altura, basicamente a altura em que a Estação Espacial Internacional orbita a Terra.
  • Com 45 dobras o papel já estará na Lua
  • Com 54 dobras chegamos ao Sol

E por fim, com 107 dobras, a espessura do papel ultrapassará o diâmetro do Universo observável: 92 bilhões de anos luz. Só para constar, isso é colossal.

Mas será que isso é fisicamente possível? Ou melhor, imaginando que realmente exista um papel que não ofereça resistência ao ser dobrado, qual seria o limite físico de dobras que poderíamos alcançar? Esse é o tema do último vídeo do canal Ciência Todo Dia.

Pedro Loos

Pedro Loos

Graduando em física pela Universidade Federal de Santa Catarina, criador do Ciência Todo Dia. Apaixonado por astrobiologia, astronomia e ciências planetárias.