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Stephen Hawking diz que encontrou um jeito de escapar de um buraco negro

Por Jacob Aron
Publicado na New Scientist

Qualquer coisa que cair em um buraco negro sumirá para sempre, certo? Não é bem assim, diz Stephen Hawking.

“Se você sente que está em um buraco negro, não desista,” disse Hawking em uma conferência pública em Estocolmo, na Suécia, ontem. Ele disse antes de seu discurso científico na Conferência da Radiação Hawking realizada em KTH Royal Institute of Technology, em Estocolmo. “Há uma saída.”

Você provavelmente sabe que os buracos negros são estrelas que entraram em colapso sob sua própria gravidade, produzindo forças gravitacionais tão fortes que até mesmo a luz não poderia escapar. Qualquer coisa que cai para dentro de um buraco negro é pensada para ser rasgada (ou espaguetificada) devido a sua gravidade maciça, sem que jamais pudéssemos vê-la ou ouvi-la de novo.

O que talvez você não saiba é que os físicos têm argumentado há 40 anos sobre o que aconteceria com as informações sobre o estado físico desses objetos quando caem. A mecânica quântica afirma que esta informação não pode ser destruída, mas a relatividade geral diz o contrário – é por isso que este argumento é conhecido como o paradoxo da informação.

Agora Hawking diz que esta informação não necessariamente fica no buraco negro. “Proponho que a informação armazenada não fica no interior do buraco negro como se pensava, mas em sua fronteira, o horizonte de eventos”, disse ele hoje.

O horizonte de eventos é a esfera em torno de um buraco negro de dentro da qual nada pode escapar de suas garras. Hawking está sugerindo que as informações sobre as partículas que atravessam são translaçadas em um tipo de holograma – uma descrição 2D de um objeto 3D – que fica na superfície do horizonte de eventos. “A ideia é que super translações são hologramas de partículas que atravessaram,” disse ele. “Assim, eles contêm todas as informações que de outra forma seriam perdidas.”

Então, como é que isso ajuda alguma coisa a escapar do buraco negro? Na década de 1970, Hawking introduziu o conceito de radiação Hawking – fótons emitidos por buracos negros devido a flutuações quânticas. Originalmente, ele disse que esta radiação não deixa informações dentro do buraco negro, mas em 2004 mudou de ideia e disse que poderia ser possível obter informações na saída.

Como isso funciona ainda permanece um mistério, mas Hawking acredita estar no caminho certo. Sua nova teoria diz que a radiação Hawking pode pegar algumas informações armazenadas no horizonte de eventos, uma vez que ela é emitida. Mas não espere conseguir uma mensagem a partir de dentro, disse ele. “As informações sobre a entrada de partículas são devolvidas, mas de uma forma caótica e inútil. Isto resolve o paradoxo de informação. Para todos os efeitos práticos, a informação é perdida.”

No ano passado, houve manchetes dizendo “não há buracos negros” – embora o que ele realmente tinha dito era algo um pouco mais complexo, como a ideia de substituir o horizonte de eventos com um conceito relacionado, um horizonte aparente. Esta nova ideia é compatível com a anterior, que não foi realmente novidade para os físicos teóricos, diz Sabine Hossenfelder do Instituto Nórdico de Física Teórica em Estocolmo, que assistiu a palestra de Hawking.

“Por duas vezes, desde o início, ele está dizendo que a informação está lá, por isso nunca é destruída no buraco negro”, diz ela. “Pelo menos é isso que eu entendi.”

Hawking e seus colegas dizem que vão publicar um artigo sobre o trabalho no próximo mês, mas é claro que ele ainda está mirando para a ideia de que os buracos negros são inescapáveis. Ainda é possível que a informação saia em universos paralelos, disse ele ontem ao público.

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.