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Um roteiro para a publicação acadêmica

Segue uma tradução sumarizada da Wikipédia em inglês compondo um roteiro baseado nos seguintes verbetes: Academic Authorship, Academic Journal, Academic Publishing, Article Processing Charge, arXiv, Born-digital, Citation, Citation Impact, Citation Index, Delayed Open-access Journal, Eprint, Grey Literature, Impact Factor, Lead Author, Peer Review, Plagiarism, Preprint, Publish or Perish, Review Article, Scholarly Peer Review, Science Citation Index, Scientific Writing e Serials Crisis.

Introdução

A maioria dos trabalhos acadêmicos é publicada através de artigos em periódicos, livros ou em forma de tese. A parte da produção escrita acadêmica que não está formalmente publicada, mas apenas impressa ou publicada na Internet é muitas vezes chamada de “literatura cinzenta”. Muitas das revistas científicas, e muitos livros acadêmicos, embora não todos são baseados em alguma forma de revisão por pares ou editoriais com o intuito de qualificar os textos para publicação. A qualidade da revisão por pares e os padrões de seletividade variam muito de revista para revista, editora para editora, e de um campo para outro.

Disciplinas acadêmicas mais estabelecidas têm as suas próprias revistas e outros meios para a publicação, mesmo assim, é comum que publicações acadêmicas tenham alguma interdisciplinaridade e espaço para publicar o trabalho de diversos campos distintos e subcampos. Existe uma tendência das revistas já existentes em se dividir em seções especializadas conforme a disciplina, ela própria se torna mais especializada. Os procedimentos de revisão e publicação diferem grandemente em função da Disciplina.

A publicação acadêmica está passando por grandes mudanças conforme se dá a transição da impressão para o formato eletrônico.

Literatura científica

A literatura científica compreende publicações acadêmicas que relatam o trabalho empírico e teórico originais nas ciências naturais e sociais, representa o processo de contribuição com os resultados de sua pesquisa sobre a literatura

A pesquisa científica original publicada pela primeira vez em revistas científicas é chamada de literatura primária.

Fontes secundárias incluem artigos de revisão (que resumem as conclusões de estudos publicados para destacar avanços e novas linhas de pesquisa) e livros (para grandes projetos ou argumentos amplos, incluindo compilações de artigos).

Fontes terciárias podem incluir enciclopédias e obras similares destinadas à alimentação do público amplo.

A redação científica

A Escrita científica em Inglês teve início no século XIV estabelecendo-se, posteriormente, boas práticas para a redação científica através da Royal Society de Londres.

Um membro fundador, Thomas Sprat, escreveu sobre a importância da descrição clara e precisa, em vez de floreios retóricos na escrita. Robert Boyle enfatizou a importância de não entediar o leitor com um estilo maçante.

A maioria das revistas científica aceita manuscritos apenas em Inglês.

Diferentes áreas têm diferentes convenções para estilo de escrita e revistas individuais dentro de um campo geralmente têm seus próprios guias de estilo.

Alguns guias de estilo para redação científica recomendo contra o uso da voz passiva, enquanto alguns incentivá-lo.

Algumas revistas preferem usar “nós” em vez de “I” como pronome pessoal. Note-se que “nós” às vezes inclui o leitor, por exemplo, em deduções matemáticas.

Nas ciências matemáticas, é habitual para relatar no tempo presente Nas ciências matemáticas, é habitual para relatar no tempo presente.

A literatura científica pode incluir os seguintes tipos de publicações:

  1. Artigos científicos com resultados originais publicados em revistas científicas (Journals);
  2. Patentes especializadas em ciência e tecnologia (por exemplo, patentes de produtos e procedimentos biológicos e químicos);
  3. Livros inteiramente escritos por um ou um pequeno número de coautores;
  4. Volumes editados, onde cada capítulo está sob a responsabilidade de um autor diferente ou conjunto de autores, enquanto o editor é responsável por determinar a organização e o escopo do projeto, mantendo o trabalho dentro do cronograma e garantir a coerência de estilo e conteúdo;
  5. Apresentações em conferências acadêmicas, especialmente aquelas organizadas por sociedades científicas;
  6. Relatórios governamentais, como investigação forense realizada por agência do governo;
  7. Publicações científicas dentro da World Wide Web;
  8. Livros, relatórios técnicos, folhetos, e documentos emitidos por pesquisadores individuais e organizações de investigação por sua própria iniciativa de trabalho; (por vezes organizados em uma série);
  9. Blogs e fóruns de ciência.

O significado destes diferentes componentes da literatura varia entre disciplinas e tem se transformado ao longo do tempo. Artigos de periódicos revisados por pares continuam a ser o tipo de publicação predominante e que tem o maior prestígio.

No entanto, revistas variam enormemente em seu prestígio e importância, e seu status pode influenciar a visibilidade e o impacto dos estudos que publicam. O significado de livros, também chamados de monografias de investigação, dependem da reputação do autor. Geralmente livros publicados por editoras universitárias são considerados mais prestigiosos do que os publicados por editoras comerciais.

O status de documentos de trabalho e atas de conferências depende da disciplina; eles são tipicamente mais importante nas ciências aplicadas. O valor da publicação na fase de Preprint , ou relatório científico na web, foram bastante baixo no passado, mas em algumas disciplinas, como matemática e física, é agora uma alternativa bem aceita.

O periódico – Academic Journal – ou simplesmente journal

O Journal é uma publicação periódica, revisada por pares, de uma determinada disciplina acadêmica. Sua função é apresentar pesquisas originais ou inéditas, e ainda criticar materiais publicados no passado.

O propósito de um Journal é servir de foro aos pesquisadores para transmitir os seus conhecimentos uns aos outros, e contribuir com o que puder como projeto de aprimorar o conhecimento, aperfeiçoar as artes, a filosofia e as Ciências.

Os novos Jounals, conforme têm surgido, aparecem exclusivamente no meio eletrônico através da web sem a versão impressa (Born-digital).

A maioria das publicações eletrônicas fica disponível instantaneamente para o leitor assim que ele assina a revista via web.

Existe ainda uma modalidade de acesso gratuito com atraso de cerca de dois anos para o público não assinante, de modo às editoras não perderem seu público pagante.

O artigo acadêmico (paper)

O artigo acadêmico é conhecido como paper. Um paper contém resultados inéditos ou revisões e reproduções sumarizadas de resultados anteriores. Um paper só é considerado válido no meio acadêmico após passar pelo processo de revisão por pares, os quais devem ser da mesma área de especialidade da qual trata o artigo.

Devido à demora no processo de publicação de um paper em revistas de credibilidade, os autores costumam disponibilizar na web, em sites internos da universidade, os artigos antes mesmo que eles sejam revisados por pares (literatura cinzenta).

Os pares que revisam podem ser chamados de peritos. O número de peritos que revisa um artigo varia de Journal pra Journal, sendo que geralmente não são menos que dois experts no assunto específico, que irão reportar ao editor, questões de conteúdo, estilo e outros fatores, no sentido de auxiliar a decisão de publicar. O relatório entregue é confidencial.

O editor então decide se rejeita o escrito ou se leva para mais revisores, ou ainda pode ele próprio editar o trabalho no sentido de adequar questões de estilo e formatação para seu Journal. Este processo como um todo pode levar de semanas a meses.

A estrutura padronizada do paper

Um artigo científico tem uma estrutura padronizada, que varia apenas sutilmente em assuntos diferentes. Em última análise, não é o formato que importa, mas o conteúdo.

No entanto, vários requisitos chave de formatação precisam ser atendidos:

  1. O Título atrai a atenção dos leitores e o informa sobre o conteúdo do artigo. Títulos são diferenciados em três tipos principais:
  • títulos declarativos (indica a conclusão principal)
  • títulos descritivos (descrever o conteúdo do paper)
  • títulos interrogativos (desafia o leitor comum a pergunta que é respondida ao longo do texto).
  1. Os nomes e afiliações de todos os autores são informados. Na espreita de alguns casos de má conduta científica, os editores muitas vezes exigem que todos os coautores conheçam e concordem com o conteúdo do artigo.
  2. O Abstract resume o trabalho e destina-se a representar o artigo na base de dados bibliográficos, e fornecer metadados para serviços de indexação.
  3. O âmbito das investigações científicas anteriores deve ser apresentado, através da citação de documentos relevantes na literatura existente, normalmente em uma seção chamada de Introdução. Por que o estudo está sendo realizado? Qual foi a pergunta da pesquisa?, Está sendo testada uma hipótese ou existe outro objetivo para esta pesquisa?
  4. As técnicas empíricas, estabelecidas em uma seção geralmente chamada de Materiais e Métodos, devem ser descritas de tal forma que um cientista posterior, com conhecimento adequado e experiência no domínio de causa, possa ser capaz de repetir as observações, e saber se ele obtém o mesmo resultado. Isso varia naturalmente entre os indivíduos, e não se aplica à matemática e assuntos relacionados. Quando, onde e como o estudo foi feito? Quais materiais foram utilizados, ou o que foi incluído nos grupos de estudo?
  5. Em uma seção chamada geralmente de Resultados e Discussão, os dados devem ser apresentados em tabelas ou de forma gráfica (imagem, carta, diagrama esquemático, ou desenho). Estes elementos de indicação devem ser acompanhada os por uma legenda e discutidosno texto do artigo. Que resposta foi encontrada para a questão de pesquisa? O que o estudo descobriu? A hipótese testada é verdadeira?
  6. A interpretação que dá significado aos resultados é normalmente abordada numa seção de Conclusão. As conclusões devem basear-se nos novos resultados empíricos ao se tomar o conhecimento estabelecido em consideração, de tal forma que qualquer leitor com conhecimento do campo possa seguir o argumento e confirmar que as conclusões são corretas. Ou seja, a aceitação das conclusões não deve depender de autoridade pessoal, habilidade retórica, ou fé do autor. No que pode a resposta implicar e por que isso importa? Como ela se encaixa com o que outros pesquisadores descobriram? Quais são as perspectivas para a investigação futura?
  7. Finalmente, uma lista de Referências Bibliográficas cita as fontes consultadas pelos autores.

Artigos de revisão (review article)

Existem ainda aqueles artigos cuja função é justamente revisar trabalhos já publicados no passado e avaliar a progressão do conhecimento ali contido. São também chamados de Reviews ou reviews of progress. Alguns Jounals contêm poucos Reviews por fascículo enquanto outros são exclusivamente dedicados a esta prática. Muitos Reviews cobrem a pesquisa realizada no ano anterior. Existem ainda Jounals que são enumerativos, ou seja, listam os artigos relevantes do passado por assunto e outros critérios. Ao contrário do que acontece com a pesquisa original, reviews são tipicamente encomendados aos cientistas, geralmente mais novos numa determinada área do conhecimento.

Processo de publicação

O processo de publicação acadêmica tem início quando o autor submete seus escritos a uma editora responsável pela publicação do periódico. A partir daí, esse manuscrito passará pelas fases de revisão por pares e produção.

A submissão do artigo para possível publicação

Existem dois tipos de submissão de paper pelo autor ao editor: Aquele que é solicitado, ao autor escrever para a revista, ou seja, há uma encomenda por parte do editor através de um contato direto com o autor; E há aquele que não é solicitado pelo editor, onde o autor acredita ter potencial de publicação, e por isso submete à revista o artigo com o objetivo de ser publicado.

O mais comum é o artigo não solicitado, sendo submetido ao editor que decide se dará sequência ao processo, levando-o à próxima fase, onde o potencial paper é entregue aos pares que irão revisá-lo de forma anônima sem também saber quem é o autor do artigo.

Revisão por pares (peer-review)

A revisão por pares é a avaliação do trabalho por uma ou mais pessoas de competência semelhante ao dos produtores do trabalho.

O processo de revisão por pares é organizado pelo próprio editor da publicação e só termina quando o artigo for aceito para publicação ou ser finalmente recusado. O escrito inicial do autor pode passar por várias rodadas de revisão por pares, sendo que a cada rodada, alterações são realizadas pelo autor em função dos comentários dos pares que realizam a revisão. Esse processo é historicamente bastante trabalhoso e corresponde a uma fase de intenso trabalho do autor.

Essa etapa constitui uma forma de autorregulação por membros qualificados de uma profissão dentro do campo relevante. Métodos de avaliação pelos pares são utilizados para manter os padrões de qualidade, melhorar o desempenho e fornecer credibilidade.

A revisão pelos pares ajuda a editora a decidir se o trabalho deve ser aceito, considerado aceitável com as revisões, ou rejeitado.

A revisão por pares requer uma comunidade de especialistas em um campo determinado (e muitas vezes estreitamente definido), que são qualificados para realizar uma avaliação razoavelmente imparcial. A análise imparcial, especialmente do trabalho em campos menos mais abrangentes ou interdisciplinares, pode ser difícil de realizar, e o significado de uma ideia pode não chegar a ser muito apreciado entre os contemporâneos do autor.

A revisão por pares é geralmente considerada necessária para a qualidade acadêmica e é usada na maioria das grandes revistas científicas, Historicamente, os revisores sempre foram anônimos, mas há atualmente uma quantidade significativa de revisão aberta, onde os comentários são visíveis para os leitores, geralmente com as identidades dos revisores divulgadas também.

Prestígio e ranking

O prestígio de um Journal é estabelecido ao longo do tempo e reflete muitos fatores, sendo que alguns são quantitativos (Ranking) e outros não.

Existem Jounals dominantes em cada área do conhecimento que recebem um grande número de submissões e que precisam ser seletivos na aceitação do material e conteúdo. Existem ainda Jounals de pequeno alcance que possuem ótima qualidade.

O fator de impacto é uma conveniente maneira de medir o alcance de um Journal, através do número de vezes que seus artigos são citados em artigos posteriores de outros Jounals. Existem outros critérios de medição do ranking de um Journal como, por exemplo, o número total de citações de seus artigos, o tempo de meia vida dos artigos, e também o quão rápido os artigos são citados.

Os Journal de Ciências naturais são ranqueados em sistemas de indexação de material que podem ser muito úteis. Mas existe uma longa e intensa discussão sobre se fatores quantitativos podem realmente refletir o prestígio de um Journal.

Existem autores que são capazes de apontar as desvantagens se não houvesse um critério ou sistema de ranqueamento, o que acontece em áreas das ciências humanas por exemplo.

Mas um número significante de cientistas e organizações alega que o fator de impacto é inimigo dos objetivos e metas da ciência e por isso assinaram o termo “San Francisco Declaration on Research Assessment” pelo limite no uso do fator de impacto.

Três categorias técnicas vêm tentando se desenvolver para avaliar a qualidade do Journal e criar rankings de revistas:

  • Stated preference;
  • Revealed preference;
  • Publication power approaches.

A declaração de São Francisco

A “Declaração de San Francisco sobre a Avaliação da Pesquisa” pretende interromper a prática de correlacionar o fator de impacto com os méritos de uma contribuição científica específica.

Ela também afirma que o fator de impacto não é para ser usado como preconceitos e imprecisões na apreciação da pesquisa científica. substituto da “medida da qualidade dos artigos de investigação individuais, ou na contratação, promoção, ou decisões de financiamento”.

A declaração foi originada a partir de uma reunião em Dezembro de 2012 da American Society for Cell Biology.

Em 13 de maio de 2013, mais de 150 cientistas e 75 organizações científicas tinham assinado a declaração. A Sociedade Americana de Biologia Celular afirma que, em 10 de Maio de 2013, já haviam mais de 6.000 signatários individuais para a declaração, e que o número de organizações científicas ” chegou a 231 em apenas duas semanas.

“Publicar ou perecer” é uma expressão cunhada para descrever a pressão na academia para publicar rápida e continuamente trabalhos acadêmicos para sustentar a carreira.

A frequência das publicações é um dos poucos métodos à disposição dos acadêmicos para demonstrar seu talento

Publicações de sucesso chamam a atenção para os estudiosos e suas instituições patrocinadoras, que podem facilitar a continuação do financiamento e do progresso de um indivíduo. Na percepção acadêmica popular, estudiosos que não publicam frequentemente, ou que se concentram em atividades que não resultam em publicações, pode perder terreno na competição por posições

A pressão para publicar tem sido citada como causa de um trabalho de má qualidade sendo submetidos a revistas acadêmicas.

A expressão apareceu pela primeira vez em um contexto acadêmico no livro de Logan Wilson, “The Academic Man: um Estudo de Sociologia de uma Profissão”, publicado em 1942.

Os administradores argumentam que alguma pressão para produzir investigação de ponta é necessária para motivar os estudiosos no início de suas carreiras e se concentrarem no avanço da pesquisa, e aprender a equilibrar sua realização com as outras responsabilidades do papel de professor. A reivindicação para abolir essa pratica é minoritária. Por outro lado a prática é criticada sob o argumento da qualidade.

Sobre a autoria do paper

Na publicação acadêmica, o principal autor, é o primeiro autor de uma publicação como um artigo de investigação.

Padrões de autoria acadêmicos variam amplamente entre as disciplinas. Em muitas disciplinas acadêmicas, incluindo as ciências naturais, o principal autor de um artigo de pesquisa é normalmente a pessoa que coordenou a pesquisa, escreveu e editou o paper.

A lista de coautores reflete, normalmente, as contribuições menores para o trabalho relatado no manuscrito. Quando a contribuição para o artigo é de igual magnitude entre autores, pode haver uma observação explícita na revista que traz o paper.

Em outras disciplinas como a matemática, por exemplo, os autores são geralmente listados em ordem alfabética e não por ordem de contribuição.

O número de trabalhos de vários autores tem aumentado nas últimas décadas, refletindo projetos de multi-investigação cada vez mais complexos, bem como a cultura do “publicar ou perecer” da avaliação de desempenho acadêmico.

A autoria acadêmica de artigos, livros e outros trabalhos originais é um meio pelo qual os acadêmicos comunicam os resultados de seu trabalho acadêmico, estabelecem prioridade para suas descobertas, e constroem sua reputação entre seus pares.

A autoria é uma base primária que os empregadores utilizam para avaliar o pessoal acadêmico para emprego, promoção e gestão. Na publicação acadêmica, a autoria de uma obra é reivindicada por aqueles que fazem contribuições intelectuais para o andamento e conclusão da pesquisa descrita no trabalho. Em casos simples, um estudioso sozinho realiza um projeto de pesquisa e escreve o artigo ou livro subsequente. Em muitas disciplinas, no entanto, a colaboração é a norma e as questões da autoria podem ser controversas. Nestes contextos, a autoria pode abranger outras atividades intelectuais além de escrever o artigo.

Um pesquisador que contribua com um design experimental e analisa os dados pode ser considerado um autor, mesmo que tenha um papel pequeno na composição do texto que descreve os resultados. De acordo com algumas normas, mesmo que escrevendo todo o artigo, o relator do paper não constituiria autoria a menos que esteja envolvido em pelo menos outra fase intelectual do projeto.

Diretrizes para atribuição de autoria variam entre as instituições e disciplinas. Elas podem ser formalmente definidas ou então personalizadas, ou ainda culturalmente estabelecidas. A aplicação incorreta das regras de autoria ocasionalmente leva a acusações de má conduta acadêmica e sanções para o infrator. Pesquisas demonstram que em 10% dos papers, autores revelaram ter seu nome atribuído à autoria de forma indevida.

As ciências naturais não têm um padrão universal para a questão da autoria, mas alguns dos principais Journals e instituições multidisciplinares estabeleceram diretrizes para o trabalho que eles publicam.

A revista Proceedings da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos da América (PNAS) tem uma política editorial que especifica que a “autoria deve ser limitada a aqueles que contribuíram substancialmente para o trabalho” e, além disso, “os autores são fortemente encorajados a indicar as suas contribuições específicas”, com uma nota de rodapé. “A American Chemical Society especifica ainda que os autores sejam aqueles que também possuem responsabilidade pelos resultados”.

Em outro caso, as Academias Nacionais dos EUA especificam que “um autor que está disposto a tomar o crédito em um paper também deve assumir a responsabilidade pelo seu conteúdo. Assim, a menos que uma nota de rodapé ou o texto do documento atribua explicitamente a responsabilidade para partes diferentes do paper para diferentes autores, os autores cujos nomes aparecem no artigo devem compartilhar a responsabilidade por todo o conteúdo”.

O processo de citação de referências

Autores acadêmicos obrigatoriamente citam as fontes usadas de maneira a dar suporte a seus argumentos e também para auxiliar os leitores a encontrar mais informações sobre o assunto. Isso ainda atribui crédito aos autores utilizados como referência, e reduz as práticas de plágio. Periódicos diferentes usam formatos de citação diferentes, sendo que existem alguns padrões consagrados mais comuns.

A citação científica fornece referência detalhada de suporte em trabalhos anteriores que têm uma incidência sobre o tema da nova publicação. A citação de trabalhos anteriores em matemática e ciência é conhecida pelo menos desde Euclides. No final do primeiro milênio D.C., estudiosos islâmicos desenvolveram a sua prática de Isnad, ou “Apoio”, que estabeleceu a validade dos ditos de Maomé no Hadith. A escola Asharite da filosofia muçulmana estendeu isso em forma de jurisprudência, enquanto a escola Mutazilite utilizou os métodos tradicionais e aplicou-os para a ciência.

Tipicamente tais citações estabelecem o quadro geral de influências, a mentalidade de pesquisa, e especialmente isso é “parte do que ciência é“, o que ajuda a conduzir a revisão por pares.

Mas Infelizmente em grande medida, a qualidade do trabalho, na ausência de outros critérios é julgada sobre o número de citações recebidas, enquanto isso não é necessariamente uma medida confiável. Contar citações é trivialmente fácil; julgar o mérito de trabalho complexo pode ser muito difícil. De qualquer forma observa-se que atingir a autoridade com um novo trabalho citando autoridades aceitas é uma ideia quase universal em muitas culturas. Os cientistas são muitas vezes julgados pelo número de vezes que o seu trabalho é citado por outros, e este é realmente um indicador-chave da importância relativa de uma obra na ciência. Assim, os cientistas individuais são motivados a ter o seu próprio trabalho citados o mais cedo, mais frequentemente e mais amplamente possível, enquanto todos os outros cientistas estão motivados para eliminar citações desnecessárias para não desvalorizar este meio de julgamento.

Trabalhos anteriores podem ser citados sobre os procedimentos experimentais, aparelhos, metas, resultados teóricos anteriores sobre a qual o novo trabalho constrói teses, e assim por diante.

Um índice de citação é uma espécie de banco de dados bibliográficos, que, permite que o usuário estabeleça facilmente quais papers citaram artigos anteriores.

Uma forma de índice de citação é encontrada pela primeira vez na literatura religiosa hebraica do século 12. Na literatura jurídica Inglês surgem volumes de relatórios judiciais incluindo listas de casos com notas sobre decisões posteriores que afetam a autoridade de precedente da decisão original.

Em 1960, o Instituto for Scientific Information (ISI) introduziu o primeiro índice de citação de artigos publicados em revistas acadêmicas.

A primeira indexação de citação automatizada foi feito por CiteSeer em 1997.

Alguns outros Citations Index disponíveis são

  • Web of Science (Antigo ISI)
  • Elsevier Scopus
  • Nature Index

Um das métricas básicas de citação é a quantidade de vezes que um artigo foi citado em outros artigos, livros ou outras fontes (tais como teses). Taxas de citação são fortemente dependentes da disciplina e do número de pessoas que trabalham nessa área. Por exemplo: Mais cientistas trabalham em neurociência do que em matemática e neurocientistas publicam mais artigos do que os matemáticos, portanto, papers de neurociência são muito mais frequentemente citados do que os papers de matemática.

Da mesma forma, artigos de revisão são mais frequentemente citados em trabalhos de pesquisa regulares porque eles resumem os resultados de muitos trabalhos. Isso também pode ser a razão do porque papers com títulos mais curtos obtêm mais citações, uma vez que eles geralmente cobrem uma área mais ampla.

O total de citações, ou contagem média de citações por artigo, pode ser reportados por autor ou por revista. Foram propostas muitas outras medidas, além da simples contagem de citações para quantificar melhor o impacto de citação de um estudioso individual. Cada medida tem vantagens e desvantagens, que vão desde o viés da disciplina-dependência e também limitações da fonte de dados de citações.

Uma abordagem alternativa para medir o impacto de um estudioso é baseada em dados de uso, tais como número de downloads de editores e desempenho de análise de citação, muitas vezes no nível de artigo.

Exemplos: Desde 2004, o BMJ publicou o número de views através da internet em seus artigos.

Em 2008, o Journal of Medical Internet Research começou a publicar o número de views na internet e também tweets. O tweet index provou ser um bom indicador de artigos altamente citados, levando o autor a propor um “fator de impacto” que seja o número de tweets que recebe nos primeiros sete dias da publicação, bem como um Twindex, que é o percentil do fator de impacto de um artigo.

Um desenvolvimento recente importante na pesquisa sobre impacto de citações é a descoberta de padrões de universalidade, ou de impacto de citação que possuem em diferentes disciplinas das ciências naturais e ciências sociais.

Por exemplo, demonstrou-se que o número de citações recebidas por uma publicação, uma vez devidamente escalonada pelo seu valor médio de artigos publicados na mesma disciplina e no mesmo ano, segue uma distribuição logarítmica universal que é a mesma para todas as disciplinas. Esta descoberta sugere uma medida de impacto de citação universal.

Enquanto contagens de citações são muitas vezes correlacionadas com outras medidas de desempenho acadêmico e científico, as declarações causais que ligam uma vantagem de citação com o status de Open Access foram contrariadas por alguns estudos experimentais e observacionais.

A pesquisa sugere que o impacto de um artigo pode ser, em parte, explicado por fatores superficiais e não apenas pelos méritos científicos de um artigo.

O index de citação automatizado tem mudado a natureza da pesquisa e análise de citação, permitindo que milhões de citações sejam analisadas por padrões de grande escala e descoberta de conhecimento.

Mais recentemente, modelos avançados para uma análise dinâmica da idade da citação têm sido propostos. Este último critério tem sido usado inclusive como ferramenta preditiva para determinar as citações que podem ser obtidas em qualquer momento da vida de um corpo de publicações.

Alguns estilos padronizados de citação em artigos

 American Chemical Society style. Referências são enumeradas no texto e na lista de referências, e os números são repetidos ao longo do texto, conforme necessário. É frequentemente usado em Química e algumas das ciências físicas.

AMS style “The Authorship Trigraph”: American Mathematical Society style. Suportes com as iniciais do autor e ano são inseridos no texto e no início da referência. Citações típicas estão listadas online com formato de rótulo alfabético.

(ICMJE) O Comitê Internacional da Medical Journal Editors. A base de dados MEDLINE/ PUBMED usa esse estilo de citação e da Biblioteca Nacional de Medicina “Requisitos uniformes ICMJE para Manuscritos submetidos a Revistas Biomédicas.

IEEE style. The Institute of Electrical and Electronics Engineers style. Delimita os números de citação entre colchetes, com números repetidos ao longo do texto, conforme necessário.

Pechenik Citation Style é um estilo descrito em “Um Breve Guia para escrever sobre Biologia”, de Jan A. Pechenik.

Sobre a prática de plágio e suas definições

O plágio é a apropriação ilícita e posterior publicação da obra de outro autor.

Inclui a cópia da linguagem, de pensamentos, ideias ou expressões juntamente com a reivindicação delas como sendo próprio, como se fosse uma obra original.

A ideia continua a ser problemática com definições e regras pouco claras .

O conceito moderno de plágio como imoral e a originalidade como ideal emergiu na Europa do século 18, especialmente com o movimento romântico.

O plágio é considerado uma forma de desonestidade acadêmica e uma violação da ética jornalística.

Ele está sujeito a sanções, como multas, suspensão e até mesmo a expulsão da instituição acolhedora.

Plágio não é um crime em si, mas na academia e na indústria, é uma ofensa ética séria, e casos de plágio podem constituir uma violação aos direitos autorais.

O plágio e a violação de direitos autorais se sobrepõem até certo ponto, mas eles não são equivalentes, e muitos tipos de plágio não recaem sob a categoria de violação de direitos autorais. A violação de copyrights é definida pela lei de direitos autorais e pode ser julgada por tribunais. Plágio não é definido em lei, mas sim pelas instituições (incluindo associações profissionais, instituições de ensino e entidades comerciais, como editoras).

No século I, o uso da palavra latina “Plagiarius” (literalmente sequestrador) denotava alguém que rouba o trabalho de outro. Foi cunhada pelo poeta romano Martial, que se queixou de que outro poeta tinha “sequestrado seus versos”. A palavra foi introduzida no Inglês em 1601, pelo dramaturgo Ben Jonson para descrever alguém culpado de roubo literário.

Alguns casos podem ser tratados como concorrência desleal ou uma violação da doutrina dos direitos morais.

O aumento da disponibilidade de propriedade intelectual devido ao aumento da tecnologia tem promovido o debate sobre se as infrações de direitos de autor são criminosas. Em suma, as pessoas são orientadas ao seguinte:

SE VOCÊ NÃO O ESCREVEU SOZINHO, VOCÊ DEVE DAR O DEVIDO CRÉDITO.

Assim, o plágio é considerado uma ofensa moral contra a audiência do plagiador.

No meio acadêmico, o plágio por estudantes, professores ou pesquisadores é considerado desonestidade acadêmica ou fraude acadêmica. Os infratores estão sujeitos à censura acadêmica, inclusive sujeitos à expulsão.

Muitas instituições usam software de detecção de plágio para descobrir o potencial de plágio e para dissuadir alunos de plagiar. No entanto, a prática de plagiar pelo uso de substituições de palavras suficientes para iludir o software, evoluiu rapidamente.

Há ainda uma série de abordagens que tentam limitar a cópia online, como desabilitar o botão direito do mouse e colocar faixas de advertência sobre os direitos de autor em páginas da web.

Instâncias de plágio que envolvem violação de direitos autorais pode ser abordada pelos proprietários de conteúdo legítimos através do envio de um aviso de remoção ao proprietário do site infrator, ou ao servidor que esteja hospedando o site ofensivo.

O copyright de um paper

Tradicionalmente, se pede aos autores que cedam os copyrights para o editor. O editor argumenta que essa prática protege os próprios autores e ainda facilita trabalhos como reimpressão e outros detalhes.

No entanto,muitos autores, especialmente aqueles ativos no movimento Open Access, consideram essa condição insatisfatória, e têm usado sua influência para efetuar uma transição gradual para uma licença maior para o autor.–Sob tal sistema, a editora tem permissão para editar, imprimir e distribuir o artigo comercialmente, mas os autores conservam os próprios direitos. Assim os autores não são impedidos de usar trechos dos papers publicados, e também possuem certo número de cópias para distribuição e podem usar trechos do paper já publicado sem trabalhos futuros.

arXiv

arXiv (pronuncia-se “archive”), é o mais antigo repositório de preprints eletrônicos de artigos científicos que podem ser acessados via web.

Muitas categorias de preprints no Arxiv podem ser postadas pelo próprio autor.

Não há revisão por pares no arXiv. Embora o arXiv não possua revisão por pares, um grupo de moderadores de cada área revê os artigos submetidos, e este grupo pode recategorizar qualquer um que seja considerado off-topic. A lista de moderadores para muitas seções do arXiv está disponível publicamente, mas moderadores para as maiorias das seções de matemática e física continuam não listados.

Além disso, um sistema de “endosso” foi introduzido em 2004 como parte de um esforço para garantir que o conteúdo que seja relevante e de interesse para a pesquisa atual nas disciplinas especificadas.

Os avalistas não são convidados a avaliar o paper para erros, mas para verificar se o paper é adequado para a área do assunto pretendido.

Novos autores de instituições acadêmicas reconhecidas geralmente recebem aprovação automática, o que na prática significa que eles não precisam lidar com o sistema de aval. O sistema de endosso atraiu críticas por supostamente restringir a investigação científica, enquanto que na verdade os endorsers apenas reclassificam eprints em categorias e excluem os off topics.

A maioria dos dos eprints também são submetidos a Journals para a publicação, mas alguns trabalhos,incluindo alguns muito influentes, permanecem somente como eprint se nunca chegarem a ser publicados em um Journal peer-reviewed.

Infelizmente, o arXiv contém alguns eprints duvidosos, tais como aqueles que afirmam refutar teoremas famosos, como o último teorema de Fermat usando apenas a matemática do do ensino médio.

Arquivos no arXiv possuem diferentes status de copyright

Alguns são de domínio público, caso eles tenham uma declaração dizendo isso.

Outros estão disponíveis sob licença Creative Commons 3.0 ou ainda sob licença Creative Commons 3.0 de atribuição-não-comercial

Alguns são copyrights da editora, mas o autor tem o direito de distribuí-los e deu ao arXiv uma licença irrevogável, não-exclusiva.

A maioria são direitos autorais do autor,e arXiv tem apenas uma licença irrevogável, não-exclusiva para distribuí-los.

O Born-digital

O termo Born-digital refere-se a materiais que têm origem em formato digital.

Isto contrasta com a reformatação digital, através do qual os materiais analógicos tornam-se digitais posteriormente.

O termo Born-digital é mais frequentemente utilizado em relação a bibliotecas digitais. No entanto, com as tecnologias avançando, o conceito Born-digital também é discutido em relação aos setores de base de consumo pessoal, como a ascensão do e-book e a música digital. Outros termos que podem ser encontradas como sinônimo inclui “nativamente digital” e “digital exclusivo.”.

Editores e aspectos do negócio de publicação

Nas décadas de 1960 e 1970, os editores comerciais começaram a adquirir seletivamente revistas de alta qualidade, que até então eram publicadas por sociedades acadêmicas sem fins lucrativos.

Devido à demanda inelástica por compra de periódicos, editores perdem mercado quando aumentam seus preços significativamente. Embora existam mais de dois mil editores, apenas cinco com fins lucrativos respondem por 50% das publicações sendo eles Reed Elsevier, Springer Science+Business Media, Wiley-Blackwell, Taylor & Francis, e Sage. Dados indicam que essas empresas contam com altas margens de lucro. Esse fator contribuiu para a crise dos folhetins que se estendeu de 1986 a 2005, pois enquanto o número de novos compradores subiu apenas 1,9%, os custos das publicações subiram cerca de 7,6% Mas analistas de investimentos se mantém céticos em relação a estes argumentos.

Editores argumentam que os preços repassados são importantes para o processo de revisão por pares incluindo as mais diversas despesas neste processo de revisão.

O modelo de negócios é diferente no meio eletrônico. Desde os anos 90, licença de pesquisa via web s se tornaram muito comuns. Principalmente dentro das universidades, que pagam por uma licença onde os alunos no interior do campus podem acessar aos Journals nos meios eletrônicos.

Muitos Journals são subsidiados por universidades ou organizações profissionais e sendo assim se configuram como entidades não lucrativas.

No entanto, muitas vezes eles aceitam publicidade, e encargos de página e de imagem de autores para pagar os custos de produção.

Por outro lado algumas revistas são produzidas por editoras comerciais e geram lucro através da cobrança de assinaturas individuais e de bibliotecas.

Os editores tendem a ter outras responsabilidades profissionais, na maioria das vezes como professores de ensino. No caso das maiores revistas, a produção é quase sempre feito por pessoal pago pela editora.

 A literatura cinzenta

Literatura cinzenta é um tipo de informação ou resultados da investigação produzida por organizações fora dos canais de publicação ou distribuição comercial e acadêmicos.

Literaturas cinzentas comuns incluem relatórios (pesquisa, técnica,projetos, etc.), documentos de trabalho, documentos do governo, e avaliações.

As organizações que produzem literatura cinzenta incluem departamentos e agências governamentais, da sociedade civil ou organizações não governamentais, centros acadêmicos e departamentos de empresas privadas e consultores.

Literatura cinzenta pode ser disponibilizada ao público, ou distribuída de forma privada dentro de uma organização ou grupo, e muitas vezes não tem meio sistemático de distribuição e coleta. O padrão de qualidade, avaliação e produção também podem variar consideravelmente.

Literatura cinzenta é, portanto, muitas vezes é um conhecimento difícil de descobrir, acessar e avaliar.

O conceito de literatura cinzenta surgiu gradualmente desde a década de 1970.

“aquilo que é produzido em todos os níveis de governo, acadêmicos, empresas e indústria em formatos impresso e eletrônico, mas que não é controlada por editoras”.

Com a introdução da editoração eletrônica e da internet, novos termos foram acrescentados à lista, incluindo publicações eletrônicas, publicações online, recursos online, pesquisa de acesso aberto e documentos digitais.

Hoje, devido ao grande sucesso da publicação na web e acesso a documentos, o foco mudou para a qualidade, a propriedade intelectual, e curadoria. Sem a revisão mencionada acima, há risco da definição atual se tornar obsoleta, devido à sua incapacidade de diferenciar literatura cinzenta de outros documentos.

Universo Racionalista

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Fundada em 30 de março de 2012, Universo Racionalista é uma organização em língua portuguesa especializada em divulgação científica e filosófica.