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Onde Alice no País das Maravilhas encontra Albert Einstein

Artigo traduzido do site oficial da NASA. Autores: Jimmy Irwin, Renato Dupke, Rodrigo Carrasco, Peter Maksym, Lucas Johnson e Raymond White III.

Há cem anos, Albert Einstein estava publicando sua teoria da Relatividade Geral, uma das mais importantes conquistas científicas do último século.

Um resultado chave da teoria de Einstein é a distorção do espaço-tempo pela matéria. Assim, um corpo massivo pode causar um desvio notável de luz frente a um objeto de fundo. O primeiro sucesso da teoria foi observar, durante um eclipse solar, que a luz de uma estrela distante foi defletida (desviada) no momento que passava perto do Sol.

Astrônomos têm então encontrado inúmeros exemplos desse fenômeno, conhecido como “lentes gravitacionais”. Mais do que apenas uma ilusão cósmica, as lentes gravitacionais possibilitaram os astrônomos a examinarem galáxias e grupos destas extremamente distantes, de modo que seria impossível até com os telescópios mais poderosos.

As mais recentes observações do grupo de galáxias “Gato de Cheshire” mostram como manifestações da teoria de 100 anos de Einstein podem levar a novas descobertas hoje. Astrônomos deram esse nome ao grupo devida a semelhança ao gato sorridente descrito por Lewis Carroll em “Alice no País das Maravilhas”. Alguns dos traços do felino são na verdade galáxias distantes cuja luz foi esticada e dobrada pela grande quantidade de massa, boa parte formada por matéria escura, detectada apenas pelo seu efeito gravitacional.

Mais especificamente, a massa que distorce a luz galáctica encontra-se em torno das duas gigantes galáxias “olho” e da galáxia “nariz”. Os múltiplos arcos da face arredondada são resultado das lentes de quatro galáxias bem atrás das que formam os olhos. As galáxias individuais do sistema, assim como os arcos de lentes gravitacionais, são vistos na luz óptica da imagem pelo telescópio espacial Hubble da NASA.

Cada galáxia “olho” é a mais luminosa de seu respectivo aglomerado e ambos os grupos estão se dirigindo ao encontro do outro à velocidade de aproximadamente 135.000 quilômetros por segundo. Dados do telescópio de raios X Chandra mostram gás quente que foi aquecido a milhões de graus, o que evidencia que os grupos de galáxias estão se esbarrando. Outros dados revelam também que o “olho” esquerdo do gato contém um buraco negro ativo e supermassivo no centro de sua galáxia.

Astrônomos preveem que o grupo “Gato de Cheshire” torne-se o que é conhecido como um grupo fóssil, definido como um aglomerado de galáxias que contém uma galáxia elíptica gigante e outra muito menor e mais fraca gravitacionalmente. Grupos Fósseis podem representar um estágio temporário que quase todos os conglomerados passam em algum ponto de suas evoluções. Portanto, astrônomos estão ansiosos para melhor entender o comportamento e propriedades desses grupos.

Esse aglomerado representa a primeira oportunidade para cientistas estudarem um grupo fóssil progenitor. Eles estimam que esses dois “olhos” do gato irão se fundir no tempo de um bilhão de anos, deixando para trás uma galáxia muito extensa e dezenas de outras menores combinadas. Ao atingir esse patamar, o grupo já terá se tornado um fóssil e um nome mais apropriado para ele será “Ciclope”.

Maria Vitória Moura Cabrera

Maria Vitória Moura Cabrera

Um universo de átomos e um átomo no universo. Medalhista olímpica nacional e internacional, divulgadora científica e pesquisadora em Magnetismo. Entusiasta de todas as ciências que desvendam o universo. Fã de indie rock, sushi e de tipos de personalidade.