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Nova descoberta pode auxiliar no tratamento do câncer

Cientistas descobriram uma “forte evidência” da existência de células-tronco cancerígenas em seres humanos, em uma descoberta que poderia pôr fim a anos de controvérsias científicas e pavimentar o caminho para tratamentos mais eficazes do câncer, chegando ao ponto de até combater a doença “pela raiz”.

Pesquisadores da Universidade de Oxford e do Instituto Karolinska na Suécia anunciaram que suas descobertas iniciaram “um passo extremamente importante” em nossa compreensão de como cânceres são desenvolvidos e quais seriam as melhores formas de tratá-los.

A existência de células-tronco cancerígenas – células-tronco mutantes responsáveis pelo desenvolvimento e crescimento da doença – foi hipotetizada durante décadas, e sua presença foi finalmente descoberta em ratos há dois anos.

No entanto, em um novo estudo publicado na revista Cancer Cell, pesquisadores revelaram ter monitorado as mutações no gene responsável por um tipo de câncer de sangue, descobrindo um conjunto distinto de células que eles dizem ser a raiz de propagação da doença.

O estudo foi realizado em um grupo de pacientes com uma doença no sangue que normalmente se desenvolve em casos de leucemia, e pode só tecnicamente provar a existência de células-tronco cancerígenas para esta condição particular. Porém, segundo os pesquisadores, células-tronco cancerígenas “semelhantes” também são prováveis de estarem por trás do desenvolvimento de outros tipos de câncer.

Especialistas acreditam que a teoria das células-tronco cancerígenas pode ser de grande importância para tratamentos futuros. Ele sugere que a raiz de qualquer tipo de câncer é um conjunto de células responsáveis ​​pelo seu crescimento. Em teoria, se os tratamentos podem ser desenvolvidos para visar especificamente essas células, em seguida, um câncer poderia ser erradicado completamente.

“A ideia aqui é a de que o câncer depende dessas células-tronco para ser capaz de se propagar”, diz Dr. Petter Woll, do Instituto de Medicina Molecular Weatherall na Universidade de Oxford. “Se nós conseguirmos eliminar as células-tronco cancerígenas, o resultado seria como arrancar planta pela sua raiz – a planta jamais crescerá novamente, assim como aconteceria com o tumor.

Os 15 pacientes envolvidos no estudo têm a síndrome mielodisplásica (SMD), um distúrbio que causa uma queda no número de células sanguíneas, e pode se desenvolver para uma subsequente leucemia mieloide (em metade dos casos).

Pesquisadores investigaram células malignas que se localizavam na medula óssea dos pacientes e monitoraram-nas ao longo do tempo. Usando a análise genética, eles foram capazes de isolar as células SMD que faziam a doença progredir.

Os pesquisadores, porém, enfatizaram que as suas descobertas não oferecem nenhum tratamento inovador nem para a síndrome mielodisplásica nem para pacientes com leucemia. Entretanto, Dr. Woll disse que foi o primeiro passo dado para que futuros pesquisadores possam desenvolver métodos de terapia mais eficientes. Contudo, Dr. Woll alerta que o tratamento não consiga eliminar todas as possibilidades do câncer surgir novamente.

O professor Kamil Kranc, um especialista em células-tronco do Centro de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, na Universidade de Edimburgo, disse que as descobertas são “um enorme passo para compreender as raízes dos cânceres de sangue”.

“Células-tronco cancerígenas são certamente as principais responsáveis de muitos tipos de cânceres, mas identificá-las é um trabalho duro”, ele disse. “O próximo passo será encontrar drogas específicas que eliminem apenas estas células, o que pode ser a chave para uma maior expectativa de vida em pessoas com câncer”

Dr. Neil Rodrigues, do Centro de Pesquisa de Células-Tronco Cancerígenas do Reino Unido, na Universidade de Cardiff, disse que o novo estudo é “muito importante”, já que ele “define precisamente a proveniência e a composição biológica das células-tronco cancerígenas na SMD”.

“As implicações para a terapia do SMD são importantes, já que poderíamos agora projetar terapias curativas especificamente contra as célula-tronco cancerígenas, substituindo a maneira delicada atual de tratar a doença, monitorando também, a eficácia do tratamento”, disse ele. “Se as células estaminais cancerígenas forem definitivamente identificadas em cânceres no corpo humano fora do sistema sanguíneo, logo em seguida, esta estratégia poderia ser igualmente aplicada para efetuar a cura de uma grande variedade de cânceres.”

O professor Sten Eirik Jacobsen, também do Instintuto de Weartherall e que liderou o estudo, disse que o entendimento das células-tronco cancerígenas é tão crucial quanto o nosso conhecimento sobre a genética do câncer. Entretanto, ele enfatizou que um grande trabalho ainda precisa ser feito, e os cânceres que são muito difíceis de tratar provavelmente também serão difíceis em um futuro próximo.

“[As células-tronco cancerígenas são] uma grande peça de um quebra-cabeças, mas apenas uma peça”, ele disse. “A única coisa certa que sabemos dos cânceres é que muitos continuarão difíceis de se extinguir… a grande revolução no tratamento do câncer é que estamos aprendendo muito mais sobre genética, e isso é a chave, mas entender quais são as células-chave é tão importante quanto”

FAQ: Células tronco cancerígenas

O que são as células-tronco cancerígenas?

As células-tronco são as “células-mestre” do nosso corpo. São capazes de provocar o desenvolvimento de muitas regiões. As mutações nas células-tronco para torná-las “células-tronco cancerígenas” vêm sidas hipotetizadas como a introdução para um distúrbio cancerígeno.

A quanto tempo nós conhecemos elas?

O conceito tem sido moldado por muitos anos. Uma população de células leucêmicas que se comportavam como células-tronco cancerígenas foram identificadas 15 anos atrás por cientistas de Toronto. Além disso, experimentos laboratoriais fizeram processos similares para testar o processo, mas muitos cientistas desafiaram a ideia, questionando se as tais células existiam realmente. Dois anos depois, uma evidência definitiva da sua existência foi demonstrada.

O que tem de novo nesse estudo?

Essa é a prova definitiva de que as células-tronco cancerígenas existem.

No que isso pode mudar no tratamento do câncer?

No momento nada, porém, poderá abrir as portas para a possibilidade de terapias mais efetivas, que podem ser direcionadas na “raiz” do câncer (o que, segundo especialistas, é a chave para o tratamento da doença)

 

 Traduzido e adaptado por Julio Batista e Josikwylkson Costa Brito

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.