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Nós estamos viajando no tempo

Você que sempre assistiu Star WarsStar Trek e tantas outras séries cujas aventuras envolviam viagens no tempo deve ter sempre se perguntado: como seria viajar no tempo? Acontece que todos nós, a todo momento, estamos viajando no tempo. A cada segundo você viaja um segundo para o futuro. E esse é apenas um exemplo simples da maneira como viajamos no tempo.

Para começar, você sabe de onde veio a definição de tempo? Ou melhor, vamos especificar ainda mais: você sabe de onde veio a definição de segundo? De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), o segundo é definido tecnicamente como a duração de 9.192.631.770 períodos de radiação do átomo de Césio-133. Mas é claro, essa é a “maneira científica” com que definimos segundo. Durante a história, várias outras definições buscaram maneiras diferentes de explicar a mesma coisa. Felizmente adotamos o Sistema Internacional de Unidades para padronizar a unidade no mundo inteiro.

Agora que estamos familiarizados com a definição de segundo, posso seguir adiante. O tempo não é uma constante, vários fatores influenciam em sua propagação. Todos vocês devem conhecer a maravilhosa teoria da relatividade de Albert Einstein, mas poucos sabem empregá-la em seu dia-a-dia. A teoria da relatividade de Einstein prevê que tanto a energia quanto a matéria podem distorcer o tecido espaço-tempo. Essa distorção, por sua vez, influencia diretamente na forma como o tempo irá se propagar. Sendo assim, tanto a gravidade quanto a velocidade relativa de um corpo podem distorcer o tempo, mas cada um fará isso de maneira diferente.

Quanto maior a força gravitacional a que um corpo está submetido, mais devagar o tempo irá passar em relação a outro corpo submetido a uma força gravitacional menor. Quanto maior a velocidade de um corpo for, mais devagar o tempo passará em relação a outro corpo de velocidade menor. Pare aqui e leia esse parágrafo novamente, para fixar bem a ideia.

As aplicações da teoria da relatividade são muito abrangentes, além de muito divertidas. Você sabia, por exemplo, que seus pés envelhecem mais devagar do que a sua cabeça? Por estarem mais perto do centro da Terra, a atração gravitacional em seus pés será maior do que na sua cabeça. Sendo assim, o tempo irá passar mais devagar para seus pés do que para a sua cabeça. Quando você sai de carro acontece a mesma coisa. Ao aumentar a velocidade de seu carro, o tempo irá passar mais devagar do que para os pedestres na rua, que estão a uma velocidade menor.

Mas se isso tudo é verdade, por que não percebemos que estamos viajando no tempo?

A viagem no tempo que nós realizamos não pode ser percebida no tempo de vida de um ser humano. Estamos falando de várias casas após a vírgulas, contabilizadas somente com a ajuda de relógios atômicos. Mas se você veio atrás de um exemplo nominal, saiba que o astronauta Sergei Krikalev se tornou o ser humano que mais viajou no tempo até hoje. Por permanecer um total de 803 dias, 9 horas e 39 minutos no espaço a alta velocidade e redução na gravidade devido à altura, Sergei viajou um total de 0,02 segundos para o seu próprio futuro.

Sendo assim, a viagem no tempo é uma realidade, embora não como nós pensamos. Não conseguiremos viajar para nosso passado e alterar a história da humanidade, mas podemos nos maravilhar com a ideia de enviar pessoas ao espaço em altíssimas velocidades e depois vê-las mais jovens do que seus parentes que ficaram na Terra.

Caso você queira tirar dúvidas ou esclarecer as ideias, recomendo que assista à esse vídeo:

Pedro Loos

Pedro Loos

Graduando em física pela Universidade Federal de Santa Catarina, criador do Ciência Todo Dia. Apaixonado por astrobiologia, astronomia e ciências planetárias.