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Intervenções de Saúde no Trânsito

Justificativa e importância de pensarmos sobre o tema

O Brasil figura em quinto lugar entre os países em que mais se mata e morre no trânsito, causa relacionada a 12% do total de mortes no mundo. Juntamente com outros nove países, representa a fatia de 62% das mortes no trânsito no mundo. Nos países em desenvolvimento, o aumento da frota é considerado um fator de risco para o aumento da violência nas pistas, estradas e rodovias. O combate à violência no trânsito é uma das diretrizes presentes no Código Brasileiro de Trânsito, bem como promover ações de prevenção a acidentes através de Ministérios como os da Saúde e da Educação. Ações educativas precisam ser direcionadas a este público de condutores, principalmente dentre os jovens do sexo masculino de classe econômica mais elevada, grupo que mais se envolve com agravos e acidentes fatais. Um dos motivos associados é o consumo de álcool, algo que será discutido mais adiante, assim como a condução sob efeito de outras substâncias. (1) (2) (3) (4)

Custos, prevenção e óbitos

No Brasil, são 40 mil mortes anuais em decorrência dos acidentes de trânsito, sendo que 80% dos que morrem são homens. A faixa mais acometida vai dos 15 aos 29 anos. Além dos traumas e das perdas humanas, os acidentes de trânsito geram custos previdenciários e na saúde pública, onerando os cofres públicos com pagamentos de auxílios, benefícios e contas hospitalares, além do que acaba se investindo em reabilitação. Com medidas simples e rotineiras adotadas por pedestres, ciclistas, motociclistas, motoristas, caminhoneiros, dentre outros envolvidos na dinâmica do trânsito, a prevenção de riscos, agravos e acidentes seria uma realidade cada vez mais comum. Com atenção ao atravessar vias e faixas, respeito à sinalização e aos pedestres e ciclistas, manutenção periódica de motos e automóveis, dentre outras práticas, é possível se pensar cada vez mais em prevenção, e menos em resolução de problemas. Cabe também a necessidade de se cobrar dos órgãos competentes a fiscalização da infraestrutura e da logística viária de municípios, estados e rodovias federais. (5) (6)

SAÚDE MENTAL E O TRÂNSITO

Uso de substâncias: psicoativos, psicofármacos e trânsito

Um dos fatores mais apontados nas correlações é o consumo de substâncias psicoativas e fármacos de ação central. O uso de drogas dentre feridos nos acidentes de trânsito está presente entre 8 a 10% dos casos, com chance quatro vezes maior de ser encontrada alguma substância no organismo do infrator do que no da vítima. Segundo o Relatório Brasileiro sobre Drogas, o álcool é a droga que mais provoca casos de adoecimento, afastamentos do trabalho, internações e violência doméstica, estando atrelada a 90% dos casos. E dentre estes agravos, estão os acidentes e a violência no trânsito, cuja questão da alcoolemia já foi amplamente debatida. Seria a Lei Seca uma medida definitiva? E se é definitiva, por que ainda acontecem acidentes decorrentes do consumo de álcool seguido pela condução ao volante? Vale pensar nos motivos que levam o condutor a ainda assumir a condução, mesmo depois de ter consumido bebida alcoólica e sabendo que existe uma Lei Seca, apesar de muitos burlarem blitzes. (7) (8) (9) (10)

Reabilitação e mudança de comportamento pós-trauma

Existe correlação para a mudança de comportamento após a ocorrência de acidentes de trânsito, tanto para as vítimas, quanto para os infratores. É perceptível a instalação de casos de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), sendo necessário o manejo psicossocial, o suporte da reabilitação física e consequentemente, investimentos em acessibilidade urbana e políticas públicas focadas nestas necessidades. (11) (12)

Prudência no trânsito evita mortes, poupa as vítimas e os infratores de sofrimento psíquico e reduz custos com os prejuízos, pois prevenir é um processo contínuo e no qual se aplicam menos gastos. Cabe o bom senso de cada um, ponderando condutas no trânsito e respeitando a integridade da vida. Deste modo, ganham condutores e motociclistas, ganham pedestres e ciclistas.

As referências estão dentro dos parênteses ao final de cada parágrafo.

Pedro H. Costa

Pedro H. Costa

Bacharel em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Atuo desde 2012 no Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas, pela mesma instituição. Interessado em saúde, educação, ciência e filosofia. Faça uma pergunta: ask.fm/phcs91