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Hubble confirma uma montanha de gás em Netuno

Artigo traduzido de Scientific American. Autor: Caleb A. Scharf.

O gigante de gelo Netuno continua a ser um mundo um tanto enigmático – residindo na borda de nosso Sistema Solar, mas apenas no início das grandes planícies exteriores do cinturão de Kuiper.

Em 1989, a sonda Voyager 2 passou por ele e capturou o que ainda são as nossas melhores imagens deste planeta com 17 massas terrestres, mostrando um globo azul profundo com listras sutis e uma “Grande Mancha Escura”. Esse ponto, um vórtice atmosférico de alta pressão, pareceu envolver as mais altas velocidades de vento de qualquer planeta do Sistema Solar, atingindo surpreendentes 2.100 km/h.

Imagem da Voyager 2 de 1989 da Grande Mancha Escura em Netuno. (Crédito: NASA / JPL).
Imagem da Voyager 2, de 1989, da Grande Mancha Escura em Netuno. (Crédito: NASA / JPL).

Netuno possui uma dinâmica contra-intuitiva. Na borda externa da atmosfera, a temperatura é de -218 graus Celsius, enquanto o núcleo de alta pressão do planeta atinge 5125 graus Celsius. Netuno é, pelos nossos padrões, um lugar muito frio.

Dados posteriores, recolhidos pelo Telescópio Espacial Hubble em meados da década de 1990, confirmaram características semelhantes às observadas pela Voyager. Agora, em 2016, o Hubble deu uma nova olhada no planeta e encontrou outro ponto escuro.

Tal como aconteceu com os dados anteriores, este local também está acompanhado por nuvens brilhantes. O que parece estar acontecendo é que a mancha escura é um sistema de alta pressão, uma “montanha” de atmosfera. Fluxos do material circundante – principalmente hidrogênio e hélio, mas também pequenas quantidades de compostos como o metano – podem estar divididos sobre a parte superior do sistema de alta pressão e em camadas muito mais frias, onde podem formar gelo refletor.

Imagens de Netuno tiradas pelo Hubble. À direita, dados obtidos em diferentes comprimentos de onda (Crédito: NASA, ESA, e Z. Levay (STScI)).
Imagens de Netuno tiradas pelo Hubble. À direita, dados obtidos em diferentes comprimentos de onda (Crédito: NASA, ESA, e Z. Levay (STScI)).

Conforme relatado pela equipe de pesquisa, as nuvens geladas são muito parecidas com o fenômeno de nuvens orográficas que vemos aqui na Terra – formações sobre montanhas terrestres.

Este último dado do Hubble ajuda a confirmar que as brilhantes nuvens Netunianas acompanham os vórtices escuros. Telescópios terrestres têm sido capazes de detectar essas características brilhantes, mas falta a resolução para sondar as manchas escuras em comprimentos de onda mais azuis. Agora parece que a evolução dessas características pode ser rastreada com futuros dados capturados diretamente da Terra.

Pelo fato das manchas escuras, ou vórtices, de Netuno aparecerem e sumirem muito mais rapidamente do que a Grande Mancha Vermelha de Júpiter (que tem sido vista nos últimos 400 anos), esta é uma oportunidade de aprender muito mais sobre os segredos frios de Netuno.

Jessica Nunes

Jessica Nunes

Um universo inteiro a ser descoberto por ele mesmo. Apaixonada por astronomia desde pequena e fascinada por exatas desde o berço.