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Dian Fossey – A mulher que vivia sozinha na montanha

Dian Fossey nasceu em 16 de Janeiro de 1932 na cidade de São Francisco, Califórnia. Desde criança sempre foi apaixonada pelos animais e chegou a iniciar a graduação em veterinária na Universidade da Califórnia, porém ela se transferiu para a San Jose State College onde cursou terapia ocupacional obtendo o bacharelado em 1954. Passou a morar em uma fazenda em Louisville, Kentucky, onde se tornou diretora em um hospital infantil em 1955. Mas sua vida estaria prestes a mudar com a decisão de fazer uma viagem à África.

Utilizando todas suas economias e solicitando um empréstimo bancário, em Setembro de 1963, Fossey embarca para uma viagem ao continente Africano. Durante a viagem ela conhece Mary Leakey e seu marido Louis Leakey, duas figuras importantíssimas na ciência com descobertas e trabalhos marcantes na área da paleoantropologia e da evolução humana. Após ser apresentada ao trabalho de Jane Goodall com os chimpanzés, não demora até que Louis Leakey a incentive a também trabalhar com os grandes primatas. Dian Fossey inicia então seu trabalho com gorilas no Congo, mas devido a ocorrência de uma guerra civil muda-se para Ruanda.

Em 1967, ela funda o Karisoke Research Foundation no Rwanda’s Volcanoes National Park, localizado entre dois vulcões: o Monte Karisimbi e o Monte Visoke. Foi nesse local, que durante muito tempo Fossey desenvolveu importantes pesquisas de campo em relação aos gorilas das montanhas, sendo considerada uma autoridade quando o assunto era a fisiologia e o comportamento desses animais. Fossey era conhecida pelos nativos por Nyiramachabelli, que significa algo como “a mulher que vive sozinha na montanha”. Passando todo o tempo sozinha na montanha enfrentando as tempestades, os perigos da montanha e doenças, Fossey ainda teve que enfrentar os caçadores da região. E não apenas através da mídia, enfrentou diretamente caçadores ilegais, agentes do governo que queriam transformar aquelas terras em fazendas e caçadores que capturavam os gorilas para vende-los a zoológicos. Chegava a expulsá-los da região enfrentando os cães e desarmando suas armadilhas.

Conseguiu seu Ph.D. em 1976 na Universidade de Cambridge e tornou-se professora na Universidade de Cornell em Nova Iorque. Ao retornar para dar continuidade ao seu trabalho, Fossey acabou se dedicando mais tempo a combater a caça ilegal dos gorilas do que ao trabalho científico. Em 1977 teve que lidar com a morte de seu gorila favorito, chamado Digit, que foi assassinado por caçadores. Digit foi encontrado decapitado e teve as mãos arrancadas. As mãos dos gorilas eram vendidas pelos caçadores como iguarias, algumas vezes alegando possuir alguns encantos mágicos e outras vezes eram utilizadas para se fazer cinzeiros.

Após o incidente, Dian Fossey fundou o Digit Fund, destinado a arrecadar fundos para combater a caça ilegal de gorilas na região. O grupo de Fossey conseguiu capturar um dos assassinos de Digit, que apontou o nome de mais 5 caçadores envolvidos no caso, sendo que 3 desses foram também capturados. Outros caçadores foram presos, muitas armadilhas foram desfeitas e alguns sequestros de gorilas para a venda foram evitadas.

No dia 26 de Dezembro de 1985, Dian Fossey foi encontrada morta em sua cabana, algumas semanas antes de completar 54 anos de idade. Seu corpo foi encontrado na manhã do dia seguinte, a cabana apresentava claras evidências de invasão e não foi constatado roubo, todo equipamento fotográfico, seu dinheiro e outros pertences se quer foram tocados. Fossey foi atingida duas vezes na cabeça e no rosto por um facão. O crime nunca foi solucionado e o assassino não foi encontrado. Dian Fossey foi enterrada ao lado de Digit e de outros gorilas. Suas últimas palavras escritas em seu diário diziam:

When you realize the value of all life, you dwell less on what is past and concentrate more on the preservation of the future.

Seu livro publicado em 1983, com o título Gorillas in the Mist, que contava suas experiências em Ruanda, chegou a ser elogiado por ninguém menos que Nikolaas Tinbergen, etólogo e ganhador do prêmio Nobel em 1973, tornando-se um best-seller. Em 1988 um filme foi produzido com o mesmo título do livro, estralando a atriz Sigourney Weaver no papel de Dian Fossey.

O trabalho de Dian Fossey para a proteção dos gorilas continua através da Dian Fossey Gorilla Fund International.

Confira o trailer do filme:

Referência e mais informações: http://gorillafund.org/page.aspx?pid=380

Publicado originalmente em: http://evolutionacademy.bio.br/blog/2014/11/26/dian-fossey-a-mulher-que-vivia-sozinha-na-montanha/

Henrique Rufo

Henrique Rufo

Sou biólogo e também divulgador científico no blog Evolution Academy. Como cético penso que o pensamento crítico é chave para compreender, divulgar e fazer ciência de qualidade.