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Carcharodon megalodon, o terror dos mares pré-históricos

Sempre que vou à praia, tenho um certo medo de deparar-me com um grande Tubarão-Branco! Sei que para alguns pode ser um medo incomum – até porque as chances de uma pessoa ser “devorada” por um tubarão são remotas -, mas não sou o único que o tenho. Aposto que muitos leitores já tiveram a visão tenebrosa de um tubarão vindo em sua direção.

O tubarão branco (Carcharodon carcharias), no entanto, se comparado com uma espécie próxima a ele, que vivera há alguns milhões de anos, pode parecer um anão! Meu conhecimento é voltado para a área de animais já extintos, e, no caso, não poderia deixar de comentar sobre tal animal gigantesco que, um dia, habitara os mares pré-históricos durante o período Mioceno (aproximadamente, há uns 20 milhões de anos). Seu nome popular é Megalodonte, sendo cientificamente conhecido como Carcharodon megalodon!

O Megalodon é conhecido mundialmente como um dos maiores tubarões já encontrados. Esse gigante tinha aproximadamente 15-16 metros de comprimento, pesando cerca de 50 toneladas! Em uma comparação rápida, o Megalodon era três vezes maior que o tubarão branco atual.

Dente de um C. Megalodon.
Dente de um C. Megalodon.

Os paleontólogos dispõem das informações do seu tamanho através da comparação de seus dentes – encontrados na América do Norte e Sul, Europa, África, Austrália, Japão e Índia – com o dos tubarões atuais, bem como a partir de uma proporção do tamanho de seus dentes com o comprimento de seu corpo. Com tais informações, os cientistas podem estimar a dimensão do bicho.

Seus dentes possuíam cerca de 17 cm de comprimento! Seu nome foi dado em homenagem a seus poderosos dentes com serrilhas. Significa “dente enorme” ou “dente gigante”.

Ecologia

Como compreender o comportamento de um animal já extinto sem podermos ver suas atividades ao vivo? Simples! Comparações com seres vivos da atualidade próximos ao animal. Por exemplo, para compreender melhor a dieta do Megalodonte, os paleontólogos estudam o comportamento de tubarões de porte grande que existem, e aplicam tais comportamentos (com muito cuidado e estudos delicados) nesse gigante pré-histórico.

Não se sabe muito sobre a dieta do Megalodonte, mas os pesquisadores já descobriram uma vértebra de uma baleia que viveu na mesma época que ele. As vértebras apresentavam marcas de mordidas feitas por dentes serrilhados. Analisando os dentes encontrados do Megalodonte, os cientistas perceberam que as marcas correspondiam com suas serrilhas. Com isso, podemos concluir que o C. Megalodonte preferia presas grandes que o satisfizesse.

Extinção

O gigante Megalodon já não existe mais (como já mencionado acima). Os paleontólogos especulam que, provavelmente, um declínio na temperatura dos oceanos durante o Plioceno possa ter afetado as condições de vida desse predador, que preferia águas mornas. Porém, existe também uma explicação de que as suas “presas”, as baleias gigantes, migraram para águas mais frias onde ele não conseguia se adaptar e prosperar. Seu desaparecimento, mesmo assim, ainda é um mistério!

Reconstrução da boca do Carcharodon megalodon, feita por Bashford Dean em 1909.
Reconstrução da boca do Carcharodon megalodon, feita por Bashford Dean em 1909.

Mitos e Lendas

Muitas pessoas ainda não acreditam que o C. Megalodon foia extinto. Há amadores que especulam que a espécie ainda continua vivendo nas zonas abissais dos oceanos. Para elas, a zona abissal tronou-se um refúgio adaptativo para os Megalodontes após as mudanças climáticas no planeta Terra, como também as migrações de suas presas. Entretanto, não há evidência alguma que suporte tal alegação.

Referências

  • San Diego Natural History Museum, texto por Margaret Dykens and Lynett Gillette.
  • Klimley, A. Peter, and David G. Ainley 1996. Great White Sharks: The Biology of Carcharodon carcharias. San Diego: Academic Press.
Aryel C. Goes

Aryel C. Goes

23 anos, bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela UNESP - Rio Claro. Atualmente mestrando em Biologia Celular, Molecular e Microbiologia pela mesma instituição. Interessado por imunologia social, etologia, ecologia comportamental, psicobiologia e sua aplicabilidade em insetos sociais. Atrelado a isso, desenvolvo projetos de pesquisa para entender o reconhecimento, defesa e adaptabilidade de formigas saúva-limão contra fungos antagonistas. Sou deísta e creio em um sistema infinito do Universo, aproximando-me demais de outras áreas como a Cosmologia.