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Até onde sabemos sobre o autismo?

Foi em 1911 que pela primeira vez foi utilizada a expressão “autismo”, pelo psiquiatra Suíço Paul Eugen Bleuler, para descrever perda da realidade e dificuldades de interação em crianças que até então eram diagnosticadas com esquizofrenia. O autismo infantil foi definido por Kenner em 1943 sendo inicialmente denominado como distúrbio austitico do contato afetivo com características bastante específicas, tais como: dificuldades de relacionamento, solidão extrema, inabilidade comunicativa, boas potencialidades cognitivas, aspecto físico normal e prevalência no sexo masculino.

Em 1944, o médico Austríaco, Hans Asperger publicou um estudo onde observou 400 pacientes com características semelhantes ao autismo que ele descreveu como sendo uma dificuldade de interação e comunicação entre crianças com inteligência normal. Após tradução para o Inglês o estudo de Asperger teve repercussão no mundo acadêmico trazendo sutis diferenças entre o autismo e o que ficou conhecido como síndrome de asperger.

Ao longo das últimas décadas de pesquisas relacionadas ao tema, foi possível identificar outros transtornos que se enquadram nos mesmos sintomas de dificuldades de socialização, linguagem e comunicação além de gestos repetitivos e comportamento estereotipado, essas dificuldades são classificadas como um transtorno global de desenvolvimento.

O autismo é um distúrbio neurológico, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologia multifatorial e pouco clara, caracterizado por isolamento extremo, estereotipias e ações repetitivas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o autismo assim como a síndrome de asperger se enquadra como sendo um transtorno global do desenvolvimento enfatizando sua relação com fatores de ordem cognitiva.

Observou-se ao longo do tempo que o quadro de autismo apresenta dificuldades mais severas no que diz respeito à área de comunicação e sociabilidade enquanto que na síndrome de asperger não se encontra um prejuízo significativo na área de linguagem, porém é notório que também existem dificuldades tais como: pouco entendimento de regras sociais de convívio, contato visual com o próximo, expressões faciais e corporais.

Existe uma grande dificuldade para conhecer o diagnóstico de autismo devido sua larga heterogeneidade tanto na sua intensidade quanto em sua evolução, sua etiologia permanece em muito ainda como um mistério apesar do esforço de diversos estudiosos da área da saúde que debruçam sobre o tema.

Muitos estudos indicam que uma grande variedade de fatores genéticos podem ser a base do autismo, assim como são relacionados também como possíveis causas do autismo fatores ambientais, neurológicos e metabólicos.

Ainda que pouco clara é aceita a etiologia biológica como causa do autismo, especialmente por fatores genéticos, estudos em familiares e em gêmeos mostraram risco aumentado de recorrência do autismo em famílias com uma criança autista, ao que parece o autismo têm grande influencia hereditária, porém com grande complexidade, devido à variabilidade genética e cromossômica sendo difícil associar especificamente a um gene ou cromossomo a devida mutação causadora desses transtornos.

A ciência, incansável, procura novos caminhos para identificar fatores causadores do autismo e demais transtornos do desenvolvimento, estudos na área de neuroimagem estrutural e funcional estão sendo utilizados na tentativa de explorar hipóteses sobre diferenças anatômicas no cérebro de indivíduos com autismo.

Até o momento pesquisas nesse sentido apresentam dados controversos e apesar dos avanços científicos na procura por respostas, a verdade é que ainda pouco sabemos sobre a natureza desses transtornos, tornando assim, ainda fundamental a observação do comportamento e interação social para estabelecer um quadro clínico e promover um programa racional de intervenção.

Referências

  1. GADIA, Carlos A.; TUCHMAN, Roberto; ROTTA, Newra T. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. Jornal de pediatria, v. 80, n. 2, p. 83-94, 2004.
  2. TAMANAHA, Ana Carina; PERISSINOTO, Jacy; CHIARI, Brasilia Maria. Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger A brief historic review of the conceptions of Autism and Asperger syndrome. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 13, n. 3, p. 296-9, 2008.
  3. KLIN, Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral Autism and Asperger syndrome: an overview. Rev Bras Psiquiatr, v. 28, n. Supl I, p. S3-11, 2006.
Olan Felipe Avila

Olan Felipe Avila

Professor de Educação Física, formado em Licenciatura e Bacharelado, especialista em Fisiologia do Exercício e Treinamento Desportivo. atleta amador, apaixonado por ciência, música e cinema.